Buffer Caseiro para Malawi. Alguém usa?

Boa tarde colegas!

Encontrei na internet algumas receitas de buffer caseiro para ciclídeos Malawi e gostaria de trocar uma idéia dos mais entendidos e saber se alguém usa estes buffers e se eles compensam mais do que comprar os industrializados.

Uma receita é a do Nelson Oliveira que seria 15 colheres de Bicarbonato de Sódio + 15 colheres de Sulfato de Magnésio + 15 colheres de Sal Marinho. Mistura todos os 3 ingredientes e coloca dessa mistura 1 colher de sopa para 30 litros de água.

Uma segunda receita que encontrei é fazer uma mistura de 1 medida igual de Cloreto de Cálcio + Sulfato de Magnésio + Bicarbonato de Sódio. Exemplo: 100 gramas de Cloreto + 100 gramas de Sulfato de Magnésio + 100 gramas de Bicarbonato de Sódio. Mistura os 3 ingredientes e dessa mistura usa-se 1 colher para 30 litros de água.

Alguém usa um dos 2 tipos dessa receita? Posso fazer uma das receitas sem problemas para os ciclídeos Malawi?

Abraço.

Skorpions escreveu:gostaria de trocar uma idéia dos mais entendidos e saber se alguém usa estes buffers e se eles compensam mais do que comprar os industrializados... Alguém usa um dos 2 tipos dessa receita? Posso fazer uma das receitas sem problemas para os ciclídeos Malawi?

Olá... sinceramente, usei apenas uma vez (mas foi usada a medida para peixes do tanganyika) e deu um bom resultado nos parâmetros do aquário.

Referente ao rendimento e maior eficácia, por experiencia própria, digo que os comercializados tem maior concetração de sais e tem maior efeito quimíco nos parâmetros, ajudando por um tempo maior na estabilidade da água em questões de GH, KH e PH.

Fazer esses buffer, você pode com certeza pois não há nada que contradiz até o momento os efeitos esperados num aquario de ciclideos africanos. Entretanto, optaria pela receita do Nelson Oliveira, pois foi dela que consegui um bom resultado e posso afirmar que foi algo dentro das expectativas.

Emerson, obrigado pela dica!

A minha dúvida maior é se seria mais interessante usar o Cloreto de Cálcio no lugar do Sal Marinho ou se eu poderia usar o Sal Marinho mesmo junto com o Sulfato de magnésio e Bicarbonato de Sódio.

Essa minha dúvida é porque li em alguns lugares que não seria muito recomendado usar sal marinho em peixes de água doce. Mas não sei se o Sal juntamente com os outros sais favorece os ciclídeos.

Aquele sal citado na Receita do Nelson Oliveira é o Sal de Cozinha ou é o Sal Marinho vendido nas lojas de aquário mesmo?

Se for o Sal Marinho tem alguma marca que você recomenda?

Li também que o Cálcio é muito bom para os ciclídeos, mas como o Nelson não colocou o Cloreto de Cálcio naquela receita me veio a dúvida: de onde os peixes vão assimilar o Cálcio se não tem no buffer? Das rochas? Da Aragonita?

Skorpions escreveu:A minha dúvida maior é se seria mais interessante usar o Cloreto de Cálcio no lugar do Sal Marinho ou se eu poderia usar o Sal Marinho mesmo junto com o Sulfato de magnésio e Bicarbonato de Sódio.

Creio que o mais aconselhável é usar o Sal marinho como está indicado pelo Nelson. Não conheço o efeito que o Cloreto pode ter sobre os demais compostos, por isso não posso me pronunciar à respeito. Esperamos pra ver se o Edson Paveloski passa por aqui para ajudar-nos.

Skorpions escreveu: li em alguns lugares que não seria muito recomendado usar sal marinho em peixes de água doce. Mas não sei se o Sal juntamente com os outros sais favorece os ciclídeos.

Não sei onde você leu isso, mas está totalmente equivocado. Sais presentes na água do aquario, são essenciais aos ciclideos africanos. É claro que, peixes do tanganyika apreciam uma quantidade maior já que a dureza carbonatada da água e o Ph são bem mais elevados que qualquer outro meio alcalino já conhecido em agua doce. Seja lá quem escreveu, está errado. Esses tipos de sais são presentes na natureza e fazem um bem danado aos nossos "amigos africanos" dos grandes lagos.

Skorpions escreveu:Aquele sal citado na Receita do Nelson Oliveira é o Sal de Cozinha ou é o Sal Marinho vendido nas lojas de aquário mesmo?

Sempre sal marinho comercializado. Nunca sal de cozinha... Eles contém Iodo e outros compostos prejudiciais aos peixes. Já o industrializado contém componentes que são presentes na natureza e favorecem a qualidade da agua e a vivência dos peixes.

Skorpions escreveu:Se for o Sal Marinho tem alguma marca que você recomenda?

A mais conhecida e com um ótimo resultado é a marca da RED SEA.

Skorpions escreveu:Li também que o Cálcio é muito bom para os ciclídeos, mas como o Nelson não colocou o Cloreto de Cálcio naquela receita me veio a dúvida: de onde os peixes vão assimilar o Cálcio se não tem no buffer? Das rochas? Da Aragonita?

Esse é só mais um composto de sal que existe num habitat natural tem grande concentração de sais no ecossistema. Se você pesquisar as montagens de aquários marinhos, o cálcio é um componente muito importante na manutenção de aquários, mas para ciclideos não tem uma preocupação tão elevada, comparado ao marinho. E se tratando de sais marinhos industrializados, já contém uma boa medida de cálcio. Por isso o Nelson descarta a hipótese de colocar o Cloreto de Cálcio.

Emerson, você me deu uma excelente aula agora. Valeu mesmo.

Vou comprar o sal sintético então.

Encontrei o Red Sea que vc comentou por R$ 38,61 que é o Red Sea Salt Pro com embalagem de 2 Kg e que vem 410 ppm de Cálcio, 1230 ppm de Magnésio.

Vi também um sal mais barato da Prodac por R$ 25,60 de 1 Kg que é o Prodac Sal Ocean Reef e tem também o Prodac Sal Ocean Fish pelo mesmo preço e mesma quantidade.

Esse da Prodac será que é bom?

Só não sei a diferença do Ocean Reef para o Ocean Fish e qual deles seria melhor adquirir.

Abraço.

Amigo Emerson, agora me surgiu uma duvida... ...A adição de sal marinho não provocaria choque osmótico nos espécimes? Acreditava que o uso de CaCO3 fosse mais indicado para este fim. Uma vez que o sódio sob forma ionizada (Na+) é um dos principais fatores de regulação osmótica do sangue. Pois até onde sei, os Ciclídeos Eurihalinos (euri = largo, halinos = salinidade) como alguns Malgaxes, que sofreram modificações adaptativas e fisiológicas como, a mudança de uma condição hiperosmótica para hiposmótica são tolerantes ao sal, vivendo preferencialmente em águas salobras, todavia, os Malawians não se enquadram, pois isto é uma situação que contrasta com a dos lagos africanos, que pelo seu isolamento físico os tornam habitats únicos, biogeograficamente distanciados da costa marítima...

Nélio Jr. escreveu:A adição de sal marinho não provocaria choque osmótico nos espécimes?

Não exatamente. O sal marinho não tem a mesma composição de um sal de cozinha e por isso sua concentração de NaCl é menor (quase inexistente), o que poderia ocasionar o processo osmótico nas células dos peixes. Como pode ver, nosso amigo especificou as ppm (partes por milhão) exitentes no sal marinho. E esses compostos vêm em maior concentração. O Cálcio e Magnésio que fazem parte dos sais presentes no lago malawi também.

Então, fazendo a unificação de tais componentes presentes no buffer caseiro (bicarbonato de sódio[NaCO3] + sulfato de magnésio[MgSO4] e Sal marinho, que tem presença elevada do 2º composto[MgSO4] + Ca) a salinidade torna-se baixa e a dureza carbonatada aumenta juntamente com o GH e facilita a estabilidade do PH também.

Nélio Jr. escreveu:Acreditava que o uso de CaCO3 fosse mais indicado para este fim. Uma vez que o sódio sob forma ionizada (Na+) é um dos principais fatores de regulação osmótica do sangue.

Sim tem esse efeito realmente... E essa mistura forma esse composto de regulação osmótica também. E o sulfato de magnésio(MgSO4) tem o mesmo efeito do Carbonato de Sódio [CaCO3].

Nélio Jr. escreveu: todavia, os Malawians não se enquadram, pois isto é uma situação que contrasta com a dos lagos africanos, que pelo seu isolamento físico os tornam habitats únicos, biogeograficamente distanciados da costa marítima...

Verdade... o que diz à respeito do habitat desse ciclideos estou totalmente de acordo. O que quero dizer é que, não existe exatamente sal (NaCl) num composto de buffer caseiro ou comercializado. As misturas formam as reações cientificamente comprovadas de que não há nenhum efeito sobre a vivência dos peixes e sua genética.

PS: não sei se consegui me expressar muito bem.

Não amigo, não sei se ficou muito claro, mais não me referi especificadamente ao NaCl, esse é de conhecimento comum como nocivo aos peixes dulcícolas, mais especificamente ao sódio sob forma ionizada (Na+), presente neste composto, como mencionei acima. Pois este é um dos principais fatores de regulação osmótica do sangue, plasma, fluidos intercelulares e do equilíbrio ácido-base.

Salinidade não é igual a dureza ou alcalinidade, muitos Ciclídeos se adaptam a água salgada , como os citados Malgaxes. Todavia, com a adição de sal marinho, a concentração osmótica e iônica do corpo do peixe se difere do seu meio natural, no caso dos Malawians, logo, o peixe necessita gastar mais energia na regulação osmótica e iônica do seu organismo.

Pesquisas realizadas no laboratório de ciências aquáticas em Gainesville, Florida, sob o comando da Dra. Ruth Francis-Floyd da Department of Fisheries and Aquatic Sciences University of Florida, especialista em doenças de organismos aquáticos, muito conhecida no segmento "Pet" nos Estados Unidos da América, apontam para o desencadear do "bloat" ligado a bactéria Clostridium difficile associada a esta situação.

Creio que o uso de sal marinho, seja mais indicado para inibir a absorção de nitrito, prevenindo a intoxicação dos peixes pelo mesmo, quando o aquário está desequilibrado, ou contra parasitos, pois esse os mata numa proporção de 4 colheres de chá / litro e ajuda a desestressar os peixes, todavia não faria o uso desse em "buffers" para os meus Malawians.

Pessoal, cuidado com as confusões, há muitos mitos por trás de algumas informações, mesmo que vindas de fóruns estrangeiros.

A água do mar possui salinidade de 3,5%. Desta, cerca de 55% (em massa), é cloreto (Cl^-), seguido de sódio (Na⁺), estando este presente como cerca de 30% (em massa). Ou seja, fazendo uma conta simples, cerca de 60% da massa dos sais dissolvidos na água do mar é, basicamente, NaCl (cloreto de sódio). Como sabemos, não é recomendado seu uso, pois é prejudicial, tanto aos peixes (principalmente em uso prolongado), como as bactérias nitrificantes (as de água doce e de água salgada são diferentes, tendo diferentes tolerâncias a quantidade deste sal na água).
A grande confusão que muitas pessoas fazem, é pensar que sal marinho se assemelha em composição e proporção aos sais dos grandes lago africanos, o que é um tremendo engano. Se fossemos por tal premissa, poderíamos supor que a água dos grandes lago é salobra, o que não é verdade. Nos grandes lagos, há tão menos cloreto e sódio que são expressados na unidade de mg/L (miligramas por litros), não g/L (gramas por litro).

Enfim, sais marinhos, para aquários marinhos; para aquários de água doce, particularmente para peixes dos grandes lagos, seria interessante utilizar sais indicados para isso ou preparar uma mistura de sais com bicarbonato de potássio (KHCO₃), cloreto de magnésio (MgCl₂), cloreto de cálcio (CaCl₂), sulfato de magnésio (MgSO₄) e bicarbonato de sódio(NaHCO₃), devendo suas quantidades serem acertadas de acordo com a concentração de cada íon em cada lago, só sendo adequado elevar o pH (se for necessário, mesmo após o uso dos sais na quantidade adequada) por meio do uso de bicarbonato de potássio (KHCO₃).

Quem quiser arriscar calcular as quantidades de cada íon e, por consequência, de cada sal a adicionar, necessária, acho interessante consultar esta tabela.
De todo modo, futuramente devo estar fazendo os cálculos e apresentando aos amigos o tutorial para preparação da mistura de sais para cada lago.

Bom, acho que é isso.

Abraços

Como é bom ter um químico de plantão...

Percebi estes posicionamentos contrários ao uso de sal marinho justamente no Malawi Cichlids e CMCA, ótimos sites, mais agora está muito claro...

Creio que está esclarecido depois de uma aula do nosso amigo Edson... que por sinal, tirou uma série de dúvidas numa tacada só.

Ficou no aguardo do tutorial...